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O que conta na escolha do candidato presidencial da FRELIMO?

Silaide Mutemba (Maputo)
23 de fevereiro de 2024

Escolha do candidato às presidenciais do partido no poder acende debate em Moçambique sobre os critérios de seleção. O que pesará mais: a tradição regional ou o perfil político e de liderança?

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Bandeira da FRELIMO
Foto: Amós Fernando/DW

O cenário político em Moçambique está a ser marcado por um intenso debate sobre a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), o partido que historicamente tem exercido forte influência na liderança do país.

Moçambique tem eleições presidenciais marcadas para outubro deste ano e os moçambicanos aguardam com muita expetativa a indicação do candidato da FRELIMO, partido no poder desde a independência, em 1975.

A discussão centra-se na escolha do candidato para as eleições presidenciais, o que traz à tona questões fundamentais sobre os critérios de seleção e a tradição regional.

Desde a fundação da FRELIMO, a liderança do partido e o cargo de Presidente da República têm sido predominantemente ocupados por indivíduos originários da região sul do país. No entanto, a nomeação de Filipe Nyusi, natural de Cabo Delgado, para candidato presidencial em 2014 e, posteriormente, para a direção do partido, trouxe uma mudança.

Filipe Nyusi e a mulher, Isaura, num ato de campanha em Maputo, em 2019
Filipe Nyusi e a mulher, Isaura, num ato de campanha em Maputo, em 2019Foto: Ferhat Momade/AP Photo/picture alliance

Que critérios?

Analisando o contexto histórico, a FRELIMO foi formada a partir de três movimentos nacionalistas constituídos por cidadãos originários das três regiões: norte, centro e sul.

O debate atual gira em torno de que critérios serão utilizados para a indicação dos pré-candidatos à eleição presidencial.

Fontes ouvidas pela DW divergem quanto a este tema. Alguns entrevistados argumentam a favor de um critério baseado no perfil político e de liderança, enquanto outros destacam a importância da proveniência regional, preferencialmente, do centro.

Ouvido pela DW, o académico moçambicano Elísio Macamo alerta para as possíveis consequências caso o partido considere o critério regional e ignore outros elementos para a indicação de um candidato presidencial: "A FRELIMO pode definir isso como critério interno, mas tem que estar consciente de que arrisca estar a comprometer as suas chances eleitorais, porque pode estar a escolher um mau candidato na base regional, o que pode prejudicar as suas chances e afetar a governação, caso seja eleito".

Filipe Nyusi na inauguração de uma estrada em Cabo Delgado, em agosto de 2023
Filipe Nyusi na inauguração de uma estrada em Cabo Delgado, em agosto de 2023Foto: Delfim Anacleto /DW

Dar uma hipótese ao centro do país

Por outro lado, o ativista social Jeremias Vunjane entende que, por uma questão de justiça e história, é justa a indicação de um candidato da região centro do país: "Ao defender a ideia de que o próximo Presidente, se vier do partido FRELIMO, terá de ser necessariamente do centro, não vejo questões regionais e muito menos étnicas ou tribais. É uma questão de fechar um ciclo que começou".

A relação histórica da fundação da FRELIMO e a ideia de que agora é a vez do centro é igualmente apontada pelo professor universitário Hilario Chacate.

Ainda assim, Chacate refere que acima das questões regionais deve-se considerar as competências de liderança do candidato, que, defende, "deve ser encontrado na base de critérios de competência, critérios de mérito, idoneidade e consenso dentro do próprio partido, independentemente da proveniência do indivíduo".

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