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Moçambique: Empreiteiros denunciam adjudicações viciadas

17 de janeiro de 2024

A Federação dos Empreiteiros de Moçambique acusa instituições do Estado de adjudicar obras públicas a empresas estrangeiras em contravenção dos regulamentos.

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Construção do hospital central de Nampula
Foto: Sitoi Lutxeque/DW

A Federação dos Empreiteiros de Moçambique (FME) denunciou, esta quarta-feira (17/1), esquemas de favorecimento de empresas estrangeiras na adjudicação de obras públicas. As declarações vieram no seguimento da suspensão, pelo Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC), das obras de construção de rodovias na cidade da Matola, avaliadas em 250 milhões de dólares.

O presidente da federação, Bento Machaíla, afirmou que há empresas estrangeiras que usam de forma desleal e criminosa as lacunas da legislação moçambicana para obter vantagens nos concursos públicos.

"Há empresas estrangeiras registadas em Moçambique, que têm usado a designação social do país de origem, e que participam em concursos públicos de empreitadas submetendo documentação jurídica das suas empresas com alvará, relatórios de contas, demonstração de capacidade técnica, mesmo não concorrendo em consórcio, de modo a confundir as Unidades Gestoras das Aquisições na avaliação das propostas", explicou.

Canteiro de obras em Nampula
A adjudicação de obras públicas está na mira da critica dos empreiteiros moçambicanos Foto: Sitói Lutxeque/DW

Responsabilização dos funcionários

No caso da suspensão das obras de construção de rodovias na Matola pelo GCCC, por indícios de violação de regras de contratação pelo Ministério dos Transportes e Comunicações, Machaíla denunciou que houve interferência de uma funcionária do ministério na análise das propostas de adjudicação e seleção da empresa vencedora.

"É grave, porque quando se constitui um júri, é o júri que manda dentro da equipa. E essa funcionária, que nós sabemos, é coordenadora de projetos financiados pelo Banco Mundial no Ministério dos Transportes", disse Machaíla.

A Federação dos Empreiteiros diz ainda que "há um cartel de empresas" que participam nos concurso, posicionando-se com preços muito baixos ou a omissão dos mesmos, para negociar adendas ao contrato durante a execução da obra.

"Essa forma de atuação, para além de ser anti ética, constitui um atentado para as finanças públicas, a economia nacional e para a sobrevivência das empresas nacionais", explicou, adiantando que o procedimento deve ser sancionado com a exclusão dessas empresas dos concursos públicos.

Medidas para precaver processos viciados

Os empreiteiros exigem que o Ministério dos Transportes e Comunicações como promotora do concurso do projeto de Mobilidade Urbana na Área Metropolitana de Maputo e do financiador se pronunciarem sobre este problema. A federação pretende ainda a responsabilização dos funcionários envolvidos e solicita informações sobre "os passos que serão dados" para evitar que essas situações se repitam.

No fim-de-semana, o Ministério Público disse, em comunicado, não ter constatado qualquer irregularidade nos preços aplicados na proposta de asfaltagem das estradas na Matola, pelo que decidiu arquivar o processo.