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Vítimas continuam a sofrer efeitos das chuvas de fevereiro

20 de julho de 2023

Famílias que foram vítimas das chuvas de fevereiro continuam a viver em centros de acomodação na cidade de Maputo. Outras, que permaneceram nas suas casas, convivem com águas estagnadas e com o risco de contraír doenças.

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Mosambik I Überschwemmungen in Maputo
Chuvas de fevereiro de 2023 afetaram os bairros mais pobres de Maputo. Seis meses depois os danos ainda são visíveis.Foto: R. da Silva/DW

Seis meses depois das intensas chuvas em Maputo, há famílias afetadas pelas chuvas de fevereiro passado que continuam a viver em centros de acomodação e relatam cenários de falta de condições básicas.

Anabela Nhantumbo é uma delas: "Só desenrascamos", conta ao repórter da DW África, e adianta: "Ás vezes levo as crianças a casa na minha prima, por causa do espaço que não ajuda. Recebemos alguma ajuda às sextas-feiras e ontem deram-nos um pouco de peixe. A ajuda é mínima. Quando estávamos nas nossas casas dava para alguma coisa. Aqui basta sair e ficamos sem receber apoio. Quem não está, perdeu.”

Já Helena Manuel, que vive no bairro de Hulene, a norte de Maputo, preferiu permanecer na sua residência, apesar desta ter ficado completamente inundada. Agora também enfrenta dificuldades: "Não conseguimos dormir, tens que pisar esta água, não há como ir à casa de banho e as camas estão em cima das caixa. Estamos a passar mal.”

Mosambik I Überschwemmungen in Maputo
O bairro do Hulene, em Maputo, ficou compeltamente inundado na sequência das chuvas de fevereiro de 2023Foto: R. da Silva/DW

"Água continua à altura das janelas"

Cansada da vida no centro de acomodação, Anabela Nhantumbo tentou regressar à sua residência, nas Mahotas, a norte de Maputo: "Chegamos lá... por causa das cheias a nossa casa está ainda inundada. Hoje mesmo fomos ver e a água ainda chega à altura das janelas.”

David Pedro é obrigado anualmente a viver no centro de acomodação sempre que as águas inundam a sua residência. Conta que faz esta rotina há mais de quatro anos: "Está muito mal isto, toda a estrada está cheia de água. Esse é o problema: o nosso bairro das Mahotas está todo cheio de água e falta o escoamento das águas.”

Mosambik Maputo Schäden durch starke Regenfälle
Residências continuam parciralmente debaixo de água, seis meses depois das intensas chuvas que caíram em MaputoFoto: Romeu da Silva/DW

No centro de acomodação no bairro das Mahotas encontramos Manuel Carlos, que vive no local, desde abril deste ano, e pede ao município que atribua novos espaços às vítimas das cheias: "As famílias que estão aqui precisam de talhões. Começámos a estar aqui desde dia nove de Abril deste ano. Há outras famílias que entraram no ano passado e que já completaram um ano aqui. Nós nunca tivemos essa promessa de talhões.”

Município de Maputo procura soluções 

A vereadora de saúde e ambiente no Município de Maputo, Alice de Abreu, diz que a edilidade está à procura de pouco mais de um milhão de euros para resolver a situação de acomodação das famílias desalojadas pelas chuvas na capital: "Fizemos um plano de reassentamento, devidamente orçamentado em cerca de 100 milhões de meticais, e neste momento decorre o processo de busca deste valor para garantir o reassentamento destas famílias.”

Mosambik Maputo Schäden durch starke Regenfälle
O bairro da Liberdade, na Matola, foi um dos mais afetados pelas inundaçõesFoto: Romeu da Silva/DW

Os impostos cobrados no município de Maputo não chegam para cobrir o valor necessário e, segundo Alice de Abreu, há que procurar alternativas: "Tendo em conta que internamente o município não dispõe deste valor, está a trabalhar com o governo central e parceiros para garantir que seja feita esta alocação.”

As chuvas intensas que caíram na cidade de Maputo no dia 8 de fevereiro afetaram pouco mais de duas mil famílias.

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