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Chade: Déby Itno vence as eleições presidenciais

AFP | EFE | Lusa | ad
10 de maio de 2024

Mahamat Idriss Déby Itno venceu as presidencias no Chade, segundo anúncio oficial. O rival Succès contesta o resultado, que considera manipulado, e apelou aos eleitores para se manifestarem de forma pacífica.

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Mahamat Idriss Déby Itno - Präsident in Tschad
Foto: Denis Sassou Gueipeur/AFP/Getty Images

De acordo com os resultados provisórios anunciados pela Agência Nacional de Gestão Eleitoral (ANGE), o presidente de transição e líder da junta militar do país, Déby Itno, venceu as eleições de 6 de maio na primeira volta com 61,03 % dos votos.

Déby Itno derrotou o seu principal rival, o antigo líder da oposição e primeiro-ministro desde janeiro passado, Succès Masra, que obteve apenas 18,53 %, indicou a ANGE. A cerimónia teve lugar no Ministério dos Negócios Estrangeiros em N'Djamena, a capital, blindada com um forte dispositivo de segurança liderado pelo Exército.

No entanto, a primeira declaração de vitória surgiu ao fim da tarde desta quinta-feira (09.05) e foi do líder de oposição, Succès Masra. O primeiro-ministro e a sua equipa eleitoral fizeram uma contagem paralela e calcularam que haviam vencido as eleições e com maioria absoluta.

"A vitória do povo é estrondosa e a vitória é vossa. Compareceram em massa para dizer uma coisa: Khalass, acabou, queremos mudança, mudança com justiça e igualdade", afirmou Succès Masra.

Após perceber que afinal, os números provisórios deram vitória ao general Déby Itno, o líder da oposição, através de um discurso publicado nas redes sociais, apelou aos eleitores para se manifestarem, de forma pacífica, contra resultados que considera serem manipulados.

Succès Masra, candidato derrotado nas prersidenciais
Succès Masra, candidato derrotado nas prersidenciais Foto: Blaise Dariustone/DW

Succès Masra pediu: "A todos os chadianos que votaram na mudança, que votaram em mim, digo: mobilizem-se pacificamente. Façam-no com calma, com o mesmo espírito de paz que demonstraram ao pensar no futuro que vamos construir juntos. Dêem testemunho do que viram durante estas eleições. Publiquem os testemunhos, as fotografias, os relatórios das assembleias de voto e os vídeos que comprovam a dimensão da vossa vitória."

Apoiantes de Dèby celebram com tiros para o ar

Em resposta a este pedido, os militares saíram à rua e dispararam tiros para o ar em N'Djamena, a capital do país, como sinal de alegria pela vitória do General Déby Itno e para dissuadir os manifestantes.

Na hora da vitória, o General Mahamat Idriss Déby Itno afirmou que será o Presidente de todos os chadianos.

"Com esta vitória esmagadora, sou agora o Presidente eleito de todos os chadianos, não só o Presidente dos que votaram em mim, mas também o presidente dos que fizeram outras escolhas", afirmou Déby.

No dia do voto e nas horas seguintes, os chadianos desejaram que esta eleição fosse transparente.

"Antes, quando votávamos, os nossos votos eram retirados e dados a outro presidente. Por isso, este ano, queremos que o nosso voto seja respeitado. Se Mahamat Kaka (Mahamat Idriss Deby Itno) ganhar, tem de ganhar legalmente. Não queremos falsificações, queremos que as eleições sejam genuínas", disse na altura o cidadão Yves Beoudou.

Já Amina Yaya, a líder da ONG, A voz da mulher, elogiou a transparência do ato eleitoral, ao afirmar que "este processo começou em boas condições. As coisas estavam calmas e as eleições foram transparentes. Por isso, felicitámos os organizadores através do microfone pela sua boa coordenação, bem como as forças de defesa e segurança."

Tschad N'Djamena 2024 | Wahlen
Foto: Desire Danga Essigue/REUTERS

Transparência beliscada

No entanto, a União Europeia (UE) lamentou o afastamento de cerca de 2900 observadores da sociedade civil do palco eleitoral, num ato que considera ter prejudicado a transparência nas eleições. A morte de um eleitor e de um soldado a tiro também foram incidentes que marcaram estas presidenciais no Chade.

Mais de oito milhões de chadianos votaram no novo presidente. A eleição, na qual concorreram 10 candidatos, põe fim a uma transição de três anos desde que o general Déby Itno assumiu o poder na sequência da morte inesperada, em 2021, do seu pai, Idriss Déby Itno, que governava o país desde 1990 em combates com os rebeldes, segundo a versão oficial.

Desde a morte de Déby, o seu filho tomou o poder, anulando a Constituição e dissolvendo o Governo e o Parlamento. Déby Itno ratificou uma nova Constituição a 29 de dezembro, considerada fundamental para o regresso ao poder civil e aprovada por quase 86% dos eleitores num referendo realizado nesse mês.

O país realizou um diálogo nacional entre agosto e outubro de 2022 para chegar a acordo sobre as bases do regresso à ordem constitucional, que foi amplamente criticado e boicotado pela oposição e pelos grupos rebeldes.

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