1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Como ficam os jovens e o desemprego com a vitória do MPLA?

Inês Cardoso
1 de setembro de 2022

Jovens angolanos estão preocupados com o alto índice de desemprego e temem que a vitória do MPLA nas eleições, anunciada pela CNE, não resolva a situação. O partido conseguirá resolver o problema, se não o fez até agora?

https://p.dw.com/p/4GIDS
Foto: Borralho Ndomba

O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) ganhou? E como fica o desemprego? São questões que preocupam Fernando Sacuaela Gomes, do movimento Jovens pelas Autarquias - Projeto Agir, depois das eleições gerais em Angola. Pergunta, por exemplo, como é que o MPLA venceu as eleições quando, todos os dias, constata a insatisfação nas ruas, sobretudo entre os mais jovens.

A taxa de desemprego subiu nos últimos cinco anos, enquanto João Lourenço esteve na Presidência da República. Para Gomes, a reeleição não faz sentido.

"A maior parte da juventude ouvida por nós mostra-se contrária à expetativa do Governo do MPLA. Há jovens que falam muito da má governação pelo facto de haver incapacidade de gerar emprego, mas sobretudo de poder garantir os equilíbrios regionais", afirma.

Desemprego continua a ser um desafio

O desemprego é um dos principais desafios que os jovens enfrentam em Angola. Em 2017, a taxa de desemprego rondava os 24%, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística. No segundo trimestre de 2022, rondou os 30,2%.

Debate DW: O que os jovens políticos esperam de Angola?

Apesar dos valores registados, Arlindo Dala, membro do MPLA, garante que os jovens sempre foram a prioridade do Executivo angolano. Dala culpa a pandemia da Covid-19 e o sobe-e-desce dos preços do petróleo pelo falhanço da promessa de criar mais empregos.

"Até grandes economias como os Estados Unidos, a Rússia, a Alemanha e a Inglaterra foram afetados por essa crise económica e a pandemia da Covid-19", lembra Dala.

"Quando o Presidente João Lourenço tomar posse, ele vai olhar mais para a juventude porque percebeu que, nestas eleições, a maior parte dos eleitores eram jovens que querem os seus problemas resolvidos imediatamente. É preciso ter calma e paciência", apela.

Jovens não acreditam nas promessas do MPLA

No manifesto eleitoral deste ano, o MPLA promete "reduzir, no mínimo, para 25% a taxa de desemprego". Assegura ainda que vai estimular o empreendedorismo e "levar a cabo um ambicioso programa de estágios profissionais para facilitar a inserção dos jovens no mercado de trabalho".

Domingos Palanga, secretário provincial em Luanda da JURA, a estrutura juvenil da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), não acredita nas promessas do MPLA. E diz que não está sozinho nesse ceticismo. "A maioria dos jovens angolanos não acredita que o Presidente João Lourenço poderá corrigir a problemática do desemprego nos próximos cinco anos", afirma.

"Entre 10 jovens em Angola, seis estão desempregados. Cerca de três encontram-se no mercado informal. E só um entre 10 jovens em Angola tem um emprego formal. Isto para não falar dos salários que são praticados e que são completamente irrisórios", lembra ainda Palanga.

No manifesto eleitoral de 2022, o MPLA prometeu "reduzir, no mínimo, para 25% a taxa de desemprego"
No manifesto eleitoral de 2022, o MPLA prometeu "reduzir, no mínimo, para 25% a taxa de desemprego"Foto: Getty Images/AFP/M. Longari

Mudanças estruturais urgentes

Fernando Sacuaela Gomes defende que, para combater o desemprego em Angola, são necessárias mudanças estruturais no Governo.

"Precisamos de encontrar um Governo capaz de criar mecanismos de descentralização através da efetivação do poder local, bem como a possibilidade de criar mecanismos legais que possam responsabilizar os atores do Estado para poderem reduzir a taxa de corrupção", destaca.

Os empresários também têm um papel a desempenhar, segundo o responsável do movimento Jovens pelas Autarquias. Têm de apoiar mais as suas comunidades.

"As empresas não cumprem com a sua vocação social que é apoiarem grupos desportivos, ações culturais, de modo a fazer com que essas dimensões artísticas sejam também fontes de rendimento para as pessoas ou para os profissionais deste setor", defende.

Eleições Angola 2022: "Vão gostar ou já está?"