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Rússia denuncia incursão de "sabotadores" em seu território

22 de maio de 2023

Governo da região russa de Belgorod declarou "regime de operação antiterrorista" na área após registro de ataque armado. Ucranianos negam participação e atribuem ação a guerrilheiros russos que se opõem ao Kremlin

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Barreiras antitanque na região de Belgorod.
Barreiras antitanque na região de Belgorod. Área tem sido alvo de ataques nas últimas semanasFoto: Belgorod Region Governor Press Office/ITAR-TASS/IMAGO

A Rússia afirmou nesta segunda-feira (22/05) que está combatendo um grupo de sabotadores ligado à Ucrânia. O governador da região russa de Belgorod, Viacheslav Gladkov, informou que pelo menos oito pessoas ficaram feridas em três localidades da região, que faz fronteira com o território ucraniano.

Segundo o governador, combates também danificaram três casas e um prédio administrativo local. A situação continua "extremamente tensa" na região, declarou Gladkov.

Pouco depois, o governo local colocou toda a região de Belgorod sob o "regime legal de uma zona de operação antiterrorista". O regime permite a retirada de civis das zonas em causa, o aumento do controle das telecomunicações, a facilitação de intervenções por parte de forças antiterroristas ou verificações de identidade e reforço de patrulhas.

Este regime antiterrorista vigora há anos no Cáucaso russo, em particular na Chechénia, mas esta é a primeira vez que uma região russa é colocada sob este regime desde a ofensiva russa na Ucrânia, lançada por Vladimir Putin em 24 de fevereiro de 2022.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse aos jornalistas que o presidente Putin foi informado da incursão. Ele também reportou que essa operação é uma tentativa da Ucrânia de "desviar a atenção", após a suposta perda do controle de Bakhmut.

"Legião da Liberdade para a Rússia"

A Ucrânia negou ter organizado a incursão armada andamento na região de Belgorod. O conselheiro presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak disse que Kiev "não tem nada a ver" com o ataque e disse que os grupos guerrilheiros russos anti-Kremlin foram os responsáveis. "A Ucrânia está observando os eventos na região de Belgorod, na Rússia, com interesse e estudando a situação", disse ele.

A operação foi oficialmente reivindicada no Telegram por um grupo que se apresenta como pertencente a uma certa "Legião da Liberdade para a Rússia", ou de russos que lutam do lado ucraniano, que já havia afirmado estar por trás de incursões anteriores na mesma região.

"Chegou o momento de pôr fim à ditadura do Kremlin", afirmou, em um vídeo divulgado no canal, um homem que, em dezembro, se apresentou à agência France-Presse como "César", porta-voz do grupo. Segundo o canal, o grupo "libertou totalmente" uma vila da região de Belgorod e atacou um segundo local.

Nas últimas semanas, enquanto é preparada uma grande contraofensiva ucraniana, o território russo passou a ser alvo de um número crescente de ações de sabotagens e ataques, que Moscou atribui a Kiev. A Ucrânia nega participação. Em abril de 2023, um caça russo lançou acidentalmente uma bomba em Belgorod, danificando vários prédios na capital regional de mesmo nome.

A nova incursão ocorre depois de a Rússia ter reivindicado, no fim de semana, a tomada de Bakhmut, cidade no leste da Ucrânia que foi cenário da batalha mais feroz e sangrenta desde que o conflito começou, em fevereiro de 2022.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, desmentiu que suas forças tenham perdido a região e afirmou que seu exército ainda controla uma pequena faixa e que segue pressionando as tropas russas ao norte e ao sul da cidade.

O grupo mercenário russo Wagner afirmou, por sua vez, que suas forças preveem se retirar de Bakhmut entre 25 de maio e 1º de junho, cedendo suas posições ao exército regular.

jps (AFP, Lusa, ots)