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G7 volta à Alemanha para lidar com erros do passado

Kristie Pladson
26 de junho de 2022

Última cúpula do G7 no país europeu ocorreu após anexação da Crimeia pela Rússia. Sete anos depois, líderes voltam a se reunir no mesmo local para tratar das consequências de decisões que levaram à guerra na Ucrânia.

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Chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, e presidente dos EUA, Joe Biden
Chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, recebe o presidente dos EUA, Joe Biden, para a Cúpula do G7 no castelo ElmauFoto: Leonhard Foeger/REUTERS

A icônica imagem de Barack Obama com Angela Merkel – ele de costas sentado com os braços abertos apoiados no encosto de um banco de madeira, ao fundo os Alpes entre nuvens, e ela parada em sua frente com um blazer vermelho gesticulando com confiança – foi tirada em 2015, quando a Alemanha sediou pela última vez a cúpula anual do G7.

Na época ambos ainda estavam no poder. O mundo também parecia viver tempos mais fáceis. Não havia pandemia, inflação recorde e uma guerra em solo europeu. A fotografia, porém, não mostra que a base para a situação em que o mundo se encontra hoje já estava lançada naquela época.

Aquela cúpula do G7, realizada no exclusivo hotel Castelo Elmau, no sul da Baviera, ocorreu apenas um ano após a Rússia ter anexado a Crimeia, em 2014. O movimento russo levou a Alemanha, França, Itália, Japão, Estados Unidos, Reino Unido e Canadá a expulsarem Moscou do grupo que desde 1997 era o G8. Fora isso, houve poucas respostas significativas à anexação.

Barack Obama de costas sentado com os braços abertos apoiados no encosto de um banco de madeira, ao fundo os Alpes entre nuvens, e Angela Merkel parada em sua frente com um blazer vermelho gesticulando com confiançal
Imagem de Obama e Merkel virou símbolo da Cúpula do G7 de 2015Foto: Michael Kappeler/AP Photo/picture alliance

Neste domingo (26/06), sete anos depois, os líderes das sete maiores potências industriais do mundo voltam a se reunir no luxuoso castelo na Alemanha. Enquanto isso, militares russos arrasam cidades na Ucrânia.

Guerra é o grande tema da cúpula

Quase todos os tópicos na pauta da cúpula deste ano levam a Kiev. Mesmo com batalhas em andamento, os líderes estão ansiosos com planos para discutir a potencial adesão da Ucrânia à União Europeia (UE) e como reconstruir o país quando a guerra acabar.

"O nível de destruição é enorme", afirmou o chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, em comunicado na quarta-feira. Segundo o líder alemão, bilhões de euros já foram mobilizados, "mas precisamos de mais bilhões de euros e de dólares para a reconstrução, que deve demorar anos. Isso só pode ser feito unindo forças". 

Ainda mais urgente será a questão de endurecer as sanções contra a Rússia e conter suas potenciais consequências. Em março, a UE anunciou um plano para reduzir a dependência do gás natural russo em dois terços até o final do ano. Por iniciativa própria, Moscou já cortou o fornecimento deste combustível fóssil para alguns dos países europeus, alegando motivos técnicos e políticos.

Segundo fontes do governo alemão, um dos grandes temas da cúpula será como substituir a demanda europeia por 158 bilhões de metros cúbicos de gás natural e as importações russas para a Ásia em médio e longo prazo, mas também, na medida do possível, em curto prazo.

Teto no preço de energias

Apesar dessa grande mudança na política energética global estar ganhando forma, a Rússia ainda é um importante exportador de energia para o mundo. Essa posição garante à máquina de guerra de Moscou acesso a muito dinheiro. Os líderes do G7 buscam maneiras de romper com esse modelo na esperança de criar mais pressão para o fim da guerra.

Uma das ideias é a criação de teto para o preço do petróleo russo. A secretaria do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, sugeriu um mecanismo para restringir ou proibir seguros e financiamentos de embarques de petróleo russo acima de um determinado valor.

"Essa medida reduziria o preço do petróleo russo e diminuiria as receitas de Putin, permitindo, ao mesmo tempo, que uma maior oferta de petróleo chegasse ao mercado global", disse Yellen na segunda-feira.

Esse tipo de mecanismo requer adesão internacional para ter efeito, algo que os participantes do G7 devem avaliar na cúpula.

Segurança alimentar e mudanças climáticas

Governos desejam agir em relação aos elevados custos de energia, que está contribuindo para impulsionar a inflação em muitos países e ameaçado o crescimento econômico. "Desde a última cúpula do G7, o crescimento foi revisto para baixo e a inflação revisada para cima", disseram fontes do governo alemão.

O alto custo de bens de consumo piorou com o bloqueio do embarque de commodities agrícolas vitais devido à guerra na Ucrânia. A segurança alimentar global deve ter um grande papel no encontro, principalmente em relação à questão de como retirar da Ucrânia grãos que deveriam ser exportados.

O tema é de importante relevância para países em desenvolvimento e emergentes, como os convidados da cúpula do G7 neste ano: Senegal, África do Sul, Índia, Indonésia e Argentina.

Com o lema "Progresso rumo a um mundo justo", há pressão para que os líderes abordem também tópicos como segurança alimentar e mudanças climáticas, que afetam desproporcionalmente países em desenvolvimento e que caíram em esquecimento devido à guerra na Ucrânia.

Fotógrafos estão ansiosos para captar a imagem que se tornar o símbolo desta cúpula. Neste ano, porém, pode ser um vídeo que assumirá essa posição: o de líder com uma camiseta verde, ao seu lado uma bandeira azul e amarela, fazendo apelos para que o mundo tome medidas para colocar um fim na guerra que devasta o seu país.