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Influenciadores fitness motivam a prática de exercícios?

13 de março de 2024

Setor de esportes está em expansão e os influenciadores desfrutam de grande popularidade. Ao mesmo tempo, o número de obesos no mundo chegou a um bilhão. Como isso se encaixa?

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Mulheres fazem exercícios em academia
Aqueles que já gostam de se exercitar têm maior chance de se beneficiar do trabalho dos influenciadoresFoto: Adobe Stock

Muitas pessoas se exercitam muito pouco. Essa é uma conclusão da Organização Mundial da Saúde (OMS) ano após ano. E apareceu também no último relatório global sobre atividade física, de 2022, que afirma que 81% dos adolescentes e 27,5% dos adultos ficam sentados tempo demais e caminham, correm ou andam de bicicleta tempo de menos. De acordo com um estudo recente publicado na revista científica Lancet, o número de obesos no mundo aumentou para um bilhão.

Há, porém, uma tendência global no sentido oposto: o setor fitness está crescendo novamente. Após sofrer perdas durante a pandemia, esse mercado está se recuperando e movimentando bilhões. Já os influenciadores fitness reúnem milhões de seguidores em redes sociais, como Instagram, YouTube e TikTok.

Eles publicam sessões de treinamento e fotos de antes e depois de si mesmos ou de clientes orientados com sucesso. Dão dicas sobre dietas, pensamento positivo e suplementos alimentares. Muitas vezes, são apoiados por grandes fabricantes de artigos esportivos, que há muito tempo descobriram o potencial dos influenciadores para promover suas próprias marcas.

De um lado, o sedentarismo e a obesidade, do outro, a auto-otimização e o culto ao condicionamento físico – como isso se encaixa?

"Em média, o espírito esportivo das pessoas está diminuindo", diz Lars Donath, diretor da cátedra de pesquisa de intervenção em ciências do treinamento na Universidade Alemã do Esporte, em Colônia. "Mas a média não é tão interessante. O que acontece nas bordas é muito mais interessante." Essas margens são polarizadoras, afirma.

Sua impressão: o esporte e o exercício desempenham um papel muito pequeno em instituições como creches, escolas e universidades. Em vez disso, o fitness está cada vez mais privatizado. Mensalidades de academias, equipamentos e roupas esportivas – tudo isso pode ser caro, o que dificulta o acesso de pessoas de baixa escolaridade e baixa renda. "Aqueles que têm acesso e foram socializados com o esporte e têm pais ativos também se exercitarão ao longo da vida", acrescenta. 

Influenciadores podem ser desmotivadores

Quem já gosta de se exercitar tem maior probabilidade de ser impactado positivamente por influenciadores fitness, diz Donath. Estudos científicos comprovam isso – os influenciadores podem ter um efeito motivador e despertar o entusiasmo pelo treinamento. No entanto, essa motivação geralmente desaparece rapidamente.

Os pesquisadores alertam que o tiro pode sair pela culatra com a mesma facilidade. Há um grande risco de que o autorretrato do influenciador não inspire, mas paralise e desmotive. Ideal demais, inatingível demais. "Até mesmo hashtags como Fitspiration, que supostamente incentivam o início de um processo de transformação, não ajudam", reforça Donath.

As metas e a motivação esportiva são muito individuais e dependem das circunstâncias pessoais, diz o pesquisador. É por isso que as comparações com influenciadores podem ser contraproducentes, pois não levam em conta as diferenças na vida de cada um.

O que leva as pessoas a se exercitarem?

"Os influenciadores são tanto uma bênção quanto uma maldição", diz Donath. "Se eu encontrar a pessoa certa, que combina com meus objetivos, motivos e contexto, pode ser uma oportunidade." No entanto, Donath não acha que isso seja muito provável. "Acredito que aqueles que já estão acima do peso e insatisfeitos ficarão ainda mais acima do peso e insatisfeitos." A polarização está se intensificando.

Entre os brasileiros, uma pesquisa publicada em 2023 apontou que apenas 26% fazem o mínimo de exercícios recomendado para uma vida saudável, e que 60% não fazem nenhuma atividade física regular.

Tirar as pessoas do sofá e colocá-las em movimento deveria ser uma meta para a sociedade como um todo, avalia Donath. "Os pais precisam saber como é importante para o desenvolvimento físico, mental e emocional deixar as crianças brincarem ao ar livre e subirem em árvores." As condições para isso também devem ser criadas em creches, escolas e outras instituições, como universidades.

Pessoas ativas na vizinhança e diferentes esportes para experimentar são mais inspiradores do que qualquer influenciador, diz Donath. "Somos seres sociais e muitas vezes baseamos nosso comportamento no comportamento de quem está ao nosso redor."

Dieta é fundamental para perder peso

Uma sociedade mais ativa também seria uma sociedade mais saudável. O esporte fortalece o sistema cardiovascular, reduz a pressão arterial e também pode ajudar na depressão.

No entanto, há uma coisa que o esporte por si só não pode fazer: deixar as pessoas mais magras. "A ciência é bastante clara: mudar sua dieta é o que tem mais potencial para ajudá-lo a perder peso", diz Donath.

É claro que o esporte pode ter um efeito positivo na perda de peso. No entanto, se você se recompensar com pizza, batata frita ou doces após o exercício, terá pouco sucesso na balança. Donath aconselha: "Concentre-se primeiro em sua dieta. Combine exercícios com dieta e tente usar os exercícios para manter seu peso depois de perdê-lo."