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CriminalidadeNigéria

Cerca de 300 estudantes são sequestrados na Nigéria

8 de março de 2024

Homens armados atacaram escolas no estado de Kaduna e levaram centenas de alunos, incluindo menores de 12 anos.

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Viaturas policiais em frente à escola onde estudantes foram sequestrados na Nigéria
Forças de segurança vasculharam vasta região de florestas utilizada como esconderijo por grupos criminosos armadosFoto: AP/dpa/picture alliance

Homens armados sequestraram quase 300 estudantes na Nigéria nesta quinta-feira (07/03), após ataques a escolas no estado de Kaduna, no centro-norte do país.

Os ataques ocorreram na manhã de quinta-feira no vilarejo de Kuriga, quando aproximadamente 100 homens armados cercaram um grupo de estudantes e professores e os empurraram até uma floresta. Alguns conseguiram fugir.

Forças de segurança vasculharam nesta sexta-feira uma vasta região de florestas utilizada como esconderijo por grupos criminosos armados. "Todas as agências de segurança fazem o melhor que podem para resgatar as crianças", disse um porta-voz da polícia de Kaduna.

"Pelo que pudemos apurar na escola, mais de 280 alunos foram sequestrados pelos bandidos, que estavam em motocicletas e dispararam tiros durante o ataque", afirmou o subsecretário do escritório regional de Kaduna da ONG Coalizão de Ação da Sociedade Civil pela Educação para Todos, Farouk Alhassan.

"Este incidente é ruim para a educação, é ruim para o futuro. Ontem foi um dia muito triste para todos os atores do setor da educação”, lamentou Alhassan. Um ativista dos direitos civis que tentou seguir o grupo e salvar algumas das crianças acabou sendo morto.

Incidente mais grave em uma década

O professor Sani Abdullahi, que alegou estar entre as vítimas que foram cercadas pelos agressores, calculou que o grupo inicial levado para a floresta seria de cerca de 700 pessoas. Ele disse a uma emissora local que o total de estudantes desaparecidos era de 287. Entre os sequestrados estariam em torno de 100 crianças com idade de 12 anos ou menos.

Segundo Abdullahi, os desaparecidos eram inicialmente 187 alunos de uma escola de ensino médio e 125 de outra de ensino fundamental. Destes, 25 teriam sido encontrados. Nesta sexta-feira, o número de estudantes desaparecidos ainda era de 287 meninos e meninas e um professor.

O sequestro gerou revolta em todo o mundo. A ONG de direitos humanos Anistia Internacional (AI), lançou um apelo às autoridades nigerianas para que "resgatem de forma segura os estudantes e punam os supostos agressores".

"As escolas deveriam ser locais seguros e nenhuma criança deve ter de escolher entre sua educação e sua vida. As autoridades nigerianas devem tomar medidas imediatas para prevenir ataques às escolas e proteger as vidas das crianças e seu direito à educação”, afirmou a AI em postagem na rede social X.

O sequestro é o mais grave na Nigéria em uma década. Em 2014, a milícia islamista Boko Haram abduziu dezenas de alunas de uma escola no vilarejo de Chibok, no estado de Borno, no nordeste do país, em um incidente chocou o mundo.

Há também outros grupos menores que realizam sequestros no norte da Nigéria. O objetivo dos criminosos é praticar extorsão, realizar o recrutamento forçado dos estudantes ou usá-los como escravos sexuais.

Falhas de segurança

Nos últimos meses, grupos menores, na maioria mulheres e crianças, vem sendo alvo de sequestros em Kaduna. Em Borno, no mês passado, em torno de 200 pessoas, segundo estimativa da ONU, foram levadas por homens armados. Ainda não se sabe o número exato de pessoas sequestradas.

"Estou confiante que as vítimas serão resgatadas", afirmou o presidente nigeriano, Bola Tinubu, que se elegeu no ano passado com a promessa de pôr fim aos sequestros. "Nenhuma outra hipótese é aceitável para mim ou para as famílias."

Nenhum grupo assumiu até o momento a autoria do ataque. Os habitantes da região atribuem os sequestros a criminosos que atuam na região, praticando sequestros como forma de exigir grandes somas de dinheiro em vilarejos remotos nas regiões central e noroeste da Nigéria. 

Os sequestros em escolas diminuíram desde o início do ano passado, mas analistas e ativistas afirmam que as falhas de segurança e as condições estruturais que possibilitam esse tipo de crime ainda perduram.

rc (EFE, DPA, AP)