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Alertas de desmatamento na Amazônia batem recorde em 2022

6 de janeiro de 2023

Dados do Inpe apontam mais de 10 mil km² de áreas atingidas entre janeiro e dezembro do ano passado, o pior acumulado anual da série histórica que começou em 2015.

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A imagem mostra uma área verde, com diversas árvores, na Amazônia brasileira, sendo devastada pelo fogo, com chamas e fumaça emanando do solo.
Queimadas também foram intensas em 2022: até setembro, número já era maior do que em todo o ano de 2021Foto: Carl de Souza/AFP

De janeiro ao fim do último ano, precisamente até 30 de dezembro de 2022, as áreas com alertas de desmatamento na Amazônia Legal atingiram um recorde histórico. Foram 10.267 km², o pior resultado anual desde o início da série histórica, que começou em 2015, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (06/01) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Até então, o recorde havia sido registrado em 2019, com 9.178 km² de área sob alerta. Os números do Inpe são baseados no sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter).

Somente em dezembro, o acumulado de alertas de desmatamento foi de 218,41 km², o que caracteriza o último mês do ano como o terceiro pior da série histórica, atrás somente dos meses de dezembro de 2017 e 2015, que tiveram, respectivamente, 288 km² e 266 km² devastados.

Os números de dezembro passado indicam um aumento de 150% no índice de desmatamento em comparação com o mesmo período de 2021, quando uma área de 87 km² foi atingida.

Um dos fatores responsáveis pelo recorde anual ocorreu devido ao início de 2022. O primeiro semestre do ano passado teve a maior taxa de alerta em sete anos de levantamentos, segundo informações do portal G1.

O período entre dezembro e março costuma ser chuvoso nos estados que compõem a Amazônia Legal e, portanto, tende a gerar menos desmatamento. Mas as taxas de 2022 nesse período podem ser comparadas com as da estação seca.

Em janeiro, por exemplo, o índice de área sob alerta de desmatamento foi de 430,44 km². Entre 2016 e 2021, a média para o mês foi de 162 km², o que caracteriza um aumento de 165% em 2022.

No segundo semestre, entre agosto e dezembro, os dados do Inpe apontam um acumulado de 4.793 km², outro recorde da série histórica para esse período específico.

A Amazônia Legal é um conceito criado na década de 1950 para promover uma agenda de desenvolvimento para a região. Sua delimitação não é baseada exclusivamente na vegetação, mas inclui conceitos geopolíticos. Por isso, além da Floresta Amazônica, há uma parte do Cerrado e do Pantanal em seu mapa.

Segundo dados atualizados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Amazônia Legal tem uma área de 5,2 milhões de km², o que corresponde a 59% do território brasileiro. Ela engloba os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão, onde vivem atualmente cerca de 28 milhões de pessoas.

Desafio para o novo governo

O ano de 2022 registrou uma sequência de recordes negativos também em relação a alertas de queimadas na Amazônia – uma consequência do aumento do desmatamento. Em setembro, por exemplo, antes mesmo do fim do mês, o número de queimadas já havia superado o índice registrado durante todo o ano de 2021.

Ainda em 2022, a Amazônia teve o dia com mais queimadas desde 30 de setembro de 2007: em 22 de agosto, foram registrados 3.358 focos, contando as 24 horas anteriores.

Para o secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, os números devem seguir negativos em 2023: "O governo Bolsonaro acabou, mas sua herança ambiental nefasta ainda será sentida por um bom tempo", afirmou.

O desafio, portanto, é grande para a ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva. Durante discurso de posse, na última quarta-feira, ela anunciou a implantação de uma secretaria extraordinária focada no controle e no combate ao desmatamento.

Na sua primeira passagem pelo mesmo ministério, entre 2003 e 2008, também no governo Lula, ela contribuiu para a diminuição de mais de 80% na taxa de desmatamento da Amazônia Legal entre os anos de 2004 e 2012.

gb (ots)