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Alemanha começa a julgar militar por espionagem à Rússia

12 de agosto de 2022

Tenente-coronel da reserva é acusado de ter fornecido informações ao serviço secreto russo, por simpatia. Colaboração teria envolvido dados sobre reservistas, cooperações civil-militares em situações de crise e gasoduto.

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Dois homens de terno em uma sala
O militar da reserva (à direita) acompanhado de seu advogado, na sala de audiências do tribunalFoto: picture alliance/dpa

O julgamento de um oficial de reserva da Bundeswehr, as Forças Armadas alemãs, acusado de fornecer informações ao serviço secreto russo durante anos, começou nesta quinta-feira (11/08) em Düsseldorf, capital do estado da Renânia do Norte-Vestfália.

De acordo com a Procuradoria Federal, o homem de 65 anos, morador da cidade vizinha de Erkrath, teria fornecido de 2014 a 2020 ao serviço de inteligência russo, conhecido pela sigla GRU, informações sobre reservistas alemães e iniciativas de cooperação civil-militar em situações de crise.

Ele também teria fornecido informações sobre as consequências de sanções impostas à Rússia em 2014, após a invasão da península da Crimea, e sobre o gasoduto Nord Stream 2, que liga a Alemanha à Rússia através do Mar Báltico e já foi concluído, mas nunca entrou em operação.

Além de militar da reserva, ele integrava diversas comissões associadas à economia do país em decorrência de sua ocupação profissional civil.

Dados de contato privados

Ele também é acusado de ter fornecido aos russos dados de contato privados de membros do alto escalão da Bundeswehr e de representantes do empresariado. A política de segurança e defesa dos Estados Unidos e de seus aliados do Ocidente também era um tema. De acordo com a acusação, os documentos e informações vinham em parte de fontes públicas, mas também de fontes reservadas.

O tenente-coronel tinha sido vice-diretor de um comando de ligação distrital da Bundeswehr. Em dois interrogatórios, ele admitiu em grande parte ter transmitido as informações, disse uma porta-voz do tribunal.

A Procuradoria Federal suspeita que o motivo da suposta colaboração seria uma simpatia pela Rússia – de acordo com as investigações, ele não recebeu nenhum pagamento. Entretanto, o acusado esperava algumas vantagens como convites para conferências sobre segurança na Rússia, que efetivamente recebeu.

Recrutado por adidos militares

De acordo com a denúncia de 107 páginas, o serviço de contra-espionagem militar alemão já havia descoberto sobre o oficial de reserva em 2018. Segundo a revista Der Spiegel, ele teria sido recrutado por dois oficiais de inteligência que eram oficialmente adidos militares da embaixada russa em Berlim.

O tribunal reservou vinte dias de audiências para analisar o caso e deve tomar uma decisão até meados de dezembro.

bl (dpa, AFP)